Amadurecer é utilizar o já vivido e poder experienciar outras tantas coisas, reiniciar o que ainda precisa ser feito, e conseguir lidar com o que se perdeu. Mais especificamente na área emocional, que abrange os afetos, os amores, os relacionamentos, podemos dizer que cabe a pessoa conseguir se perceber em relação ao outro, como reage, o porquê está assim, o que está envolvido nesse relacionamento. Da mesma forma, é conseguir lidar como o que recebe do outro, de uma maneira mais inclusiva, trazendo para dentro e para perto, sem tantos preconceitos nem rejeições a priori. Como falei a vivência é um dos pré requisitos para esse desenvolvimento emocional. Teoricamente a pessoa só consegue imaginar situações, teorizar sobre como seria, mas se não vivenciou situações plurais, diversas, não consegue condensar nem ampliar sobre outras mesmo que não teve tanto contato. Melhor dizendo, não se precisa ter experimentado um crime para ter noção do que é ter sido violentado. Mas observar situações paralelas, no convívio com outras pessoas, em reflexões e discussões à respeito, no envolvimento próximo com situações afins, podem então dar subsídios para um amadurecimento em um nível razoável. O exercício de se colocar no lugar do outro, como falamos no Psicodrama, "inverter o papel com o outro", ajuda muito no adquirir a maturidade emocional.
Pessoas muito enrijecidas, com preconceitos e tudo muito determinado antes do contato com as situações reais da vida, são sujeitas a não refletir sobre suas vivências nem transpor o que têm como regras de vida, e acabam amadurecendo com mais dificuldade. Já pressupõem e concluem antes de uma ampliação de visão. Acabam conhecendo menos do mundo e por conseguinte, não se desenvolvem emocionalmente.
Amar é correr riscos...
Criatividade, um certo esforço e entrega são peças fundamentais para quem gosta de surpreender. Sinceridade também. Flores pontualmente entregues no dia do aniversário por lembrança e iniciativa de uma secretária particular cheiram, de longe, amor burocrático, Aquele que rola no piloto automático e cumpre apenas formalidades. Expressões apaixonadas exigem esforço e toque pessoais. Precisa-se ter coragem de reiventar a vida.
Amar é correr riscos e reafirmar esse sentimento dizendo mais uma vez, outra vez, inúmeras vezes: eu te amo.
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Dr. Luiz Cuschnir é psiquiatra e escritor.
É autor de: A mulher e seus segredos - desvendendo a alma feminina (Larouse), entre outros
IDEN - Centro de Estudos da Identidade do Homem e da Mulher
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